quarta-feira, 5 de maio de 2010

Comportamento do Euro

A análise do cenário econômico, em geral, é importante na vida, pois os fatores econômicos influenciam diretamente o cotidiano de todos.

Falando do pessoal que pleitea o Reconhecimento à Cidadania Italiana, acredito ser fundamental analisar tanto as questões de câmbio quanto o andamento das economias nas quais se tem o interesse de viver, trabalhar, abrir negócios.

Assim, com este intuito, pedi à Juliana (Administradora, formada pela USP), uma grande amiga com a qual troco várias idéias sobre economia, a autorização para postar o que ela escreveu em seu próprio blog.

Eu mesma, Economista que sou, poderia fazê-lo, mas achei bastante completo o que ela escreveu, além de ir mais ao encontro do que propus, a interatividade. Agradeço imensamente a ela o fato de ela ter me autorizado a postar aqui. A Ju é uma pessoa que, aos poucos, conseguiu minha confiança. Não são raras as vezes que peço a opinião dela sobre investimento. Obrigada mais uma vez!


Novidade: tentarei postar, semanalmente, um gráfico sobre a cotação do Euro. Apesar de estar muito corrido por aqui, acredito ser fundamental para o planejamento dos leitores. Além disso, pretendo elaborar um post sobe a Economia Italiana, em particular.

Agora, vamos ao Post!

...

......


CONTRIBUIÇÃO DE JULIANA MELO

COMPORTAMENTO DO EURO


Fonte: http://neurosefreudiana.files.wordpress.com/2009/07/nietzsche.jpg

A cotação do Euro vem passando por um processo de desvalorização em relação ao Real e ao Dólar e não tem como escrever sobre esse fato sem falar de economia, das dificuldades pelas quais vem passando a União Européia e das nuances que envolvem a precificação de uma moeda.

Comecando pelo Brasil, o país vem correspondendo bem às expectativas de crescimento. No primeiro trimestre de 2010, por exemplo, cresceu - se a taxa similar à Chinesa e esse fato, aliado às altíssimas taxas de juros praticadas no país, o torna atrativo para investimentos tanto de longo quanto de curto prazo. A longo prazo, é interessante investir porque se cresce de forma sustentável. Já a curto, a vantagem em se investir está nas altíssimas taxas de retorno (juros) pagas tanto pelo Governo quanto pelas empresas privadas. O Brasil tem um dos custos de capital mais caros do mundo, se não o mais caro - hoje a taxa básica de juros nominal está em 9,5% ao ano, a Selic. Ou seja, há a oferta do capital estrangeiro no país e isso faz com que a moeda se valorize frente as demais - o Real vem se valorizando tanto em relação ao Euro, quanto em relação ao Dólar, a moeda utilizada como base de reserva nacional brasileira.


GRÁFICO 1 - Média Mensal Dólar contra o Real - Cotação Venda - clique no gráfico para aumentá-lo.


Observações:
  • Dólar desvalorizando, mês a mês, em relação ao Real desde Fevereiro de 2010.
  • Motivos: dados positivos da economia brasileira e taxa Selic alta.


GRÁFICO 2 - Média Mensal Euro contra o Real - Cotação Venda - clique no gráfico para aumentá-lo.


Observações:

  • Euro desvalorizando em relação ao Real, no ano de 2010.
  • Motivos: Euro desvalorizando em relação ao dólar e instabilidade/pouco crescimento, em alguns países da Zona do Euro.

Continuando no assunto economia nas Américas, a economia norte - americana começa a dar sinais de recuperação, depois da crise sub-prime. Para citar um dentre outros dados, em Marco de 2010 foram criados 162.000 empregos na terra do Tio Sam - o melhor registro mensal na era Obama - e isso se deve a alguns fatores pontuais. Primeiro, o Governo vem sim gerando bastante empregos. Estima-se que 25% dos postos gerados o foram pela ação direta do Estado. Segundo, a taxa básica de juros estipulada pelo Fed está perto de zero (entre 0% e 0,25%) no país para estimular a economia, o que tem uma ação direta no câmbio. Se a taxa de juros base americana é baixa, não é interessante investir em papéis americanos, pelo menos no curto prazo. Resultado? Fraco poder de atração de capitais estrangeiros, o que não contribui para a valorização do dólar frente as demais moedas no cenário atual. Há, no entanto, alguns indícios de que o Fed comece a aumentar gradativamente a taxa de juros, para evitar situações de bolhas econômicas, mas esta ainda é uma questão a ser estudada. A recuperação americana ainda está bem abaixo do ideal e as economias da Zona do Euro não passam por uma fase positiva, o que influencia as decisões a serem tomadas nas demais regiões em um cenárido de economias interligadas como é o atual.

Somente um parênteses:

há que se entender que o capital mundial é aplicado onde se paga mais, a um risco aceitável. Se o país paga menos em relação aos pontenciais receptores de capital, o mesmo vai para os que pagam mais. Ou seja, a taxa de juros básica praticada pelos países é o principal fator a se avaliar, juntamente com o risco, na questão do câmbio.


Na Zona do Euro, na qual se adota uma taxa de juros de mais ou menos 1% ao ano atualmente, a situação é um pouco mais complicada, já que as economias têm perfis assimétricos. Se de um lado há países como Alemanha e Franca, que exigem uma taxa de juros mais elevada, comparativamente, para seguirem adiante - são economias mais sólidas, com níveis aceitáveis de crescimento e desemprego. De outro, existem países como a Espanha e a Grécia que passam por problemas seríssimos, os quais demandam crescimento econômico e é complicado crescer aumentando juros. A Espanha, por exemplo, está com um nível de desemprego superior a 20%. Já a Grécia vem passando por um momento bastante complicado (crise orçamentária), que exige inclusive a ajuda financiada pela UE e pelo FMI. O resultado disso tudo é difícil de prever, mas, considerando - se que as economias mais fortes geralmente são as que decidem, há as tendências. Provavelmente, a Grécia, pressionada pelos credores, executará um plano austero de contencão de gastos. Ademais, os juros na zona do Euro devem comecar a aumentar a curto prazo (dentro de alguns meses), o que pode gerar uma apreciação da moeda, principalmente se não houver, na outra ponta, o aumento da taxa de juros americana.

GRÁFICO 3 - Média Mensal Euro contra o Dólar - Cotação Venda - clique no gráfico para aumentá-lo.


Observações:
  • Desvalorização crescente do Euro contra o Dólar, no ano de 2.010.
  • Motivos: recuperação da economia americana e instabilidade em alguns países da Zona do Euro.

Diante de tudo isso, chega - se a conclusão de que é importante acompanhar, atentamente, a divulgação de números e ações, nos próximos dias/meses. Tudo parece muito incerto e este talvez seja o charme do mundo econômico - financeiro. Por mais que existam os gráficos, as tendências, os modelos e os fatos, prevalece, muitas vezes, a essência de uma frase de Nietzsche "não existem fatos, apenas interpretações".
...
....

Comentário pessoal sobre o Post: o Euro realmente está desvalorizado em relação ao Real, o que é bom para uns (os que ganham em Reais e gastam em Euros) e ruim para outros (os que estão na posição inversa). Já se a pessoa tem planos de viver na Europa, há que se analisar a situação de cada país. Como disse a Ju, a realidade é diferente, dependendo do local na Zona do Euro.

Leia mais sobre Economia e Euro, em:

  • Economia Européia - Rever para Crescer, (aqui);
  • Economia na Zona do Euro e Reflexos na Moeda Única, (aqui);
  • O Real está ou não sobrevalorizado?, (aqui).

4 comentários:

Unknown disse...

Muito interessante o post! Adorei

Kel Menichelli disse...

Tai! Mto obrigada e volte sempre! Tentaremos melhorar a cada dia...Bjos

Cesar, Rieti, Italia disse...

Excelente artigo! Parabéns!

Kel Menichelli disse...

Cesar, obrigada. A Ju realmente escreve bem! Ab.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...